O ar se torna rarefeito quando meu coração trepida a galopes, lidando com minhas ilusões.
Meus lábios deslizam doces pela superfície da maçã, tão vermelha e desejável,
enquanto um arrepio percorre os caminhos de minha nuca,
traduzindo os devaneios das palavras não ditas.
Sinto os dentes, mordidas suaves me tocam levemente,
e o sorriso gracioso se esconde nos lábios que passam a me arder por onde traçam sugestões,
da divisa de meu rosto, até a curva de meu ombro…
Eu puxo o ar, é o fim do primeiro ato.
Descem as cortinas da noite de sono,
Já é dia e o amanhecer desponta abrindo as janelas do céu claro.
A realidade da vida me toma de assalto, quando me assusto,
meus olhos se defendem da luz bem vinda,
e já não posso mais sonhar.
Eu desejaria ser diferente, mas tão volátil quanto minhas ilusões, é meu coração.
Minha razão me arrasta à força para a rotina,
mas por saber que tenho só uma vida, meu peito anseia o proibido, o livre, o alado.
Quero os céus que dizem ser dos anjos, quero voar livre ao encontro de meus desejos.
Quero a liberdade dos infortúnios de um amor deposto.
Quero ser um sorriso esperado, e a esperança em um olhar.
Quero olhar para trás e ter do que me orgulhar,
quero olhar o agora e ter em que me espelhar,
mas sobretudo, quero olhar para frente e saber que no horizonte,
minha alma nasce a cada dia, como uma promessa no infinito,
como um desabrochar florido, minha alma sendo mais.
Minha alma é soma, precisa de possibilidades incalculáveis.
Minha alma é adicta de paixões incontroláveis.
Minha alma é refém de palavras desmedidas.
Tenho que enfrentar os desafios de mais um dia.
Uma vida, e cada segundo conta.
Ao meu lado, numa bandeja, descansa a maçã, vermelha, desejável.
E é nela, que meus lábios faceiros, em meios sorrisos, deslizam doces.
*
Enluarada
*